Nádia Rebouças
Os sinais vieram devagar. Aos poucos a demanda cresceu para projetos empresariais, onde a liderança ganha foco. Há anos, nas ONGs, esse tem sido o tema e justifica o crescimento da Ashoka e da Avina, no Brasil e no mundo. O investimento tem sido nos empreendedores sociais, em líderes que pensem e atuem na sociedade construindo um mundo diferente. As necessidades de transformação cresceram. As notícias foram ganhando espaço e credibilidade.
Desde a Eco 92, sabemos das ameaças do aquecimento global. Na ocasião, uma adolescente canadense convidou líderes do mundo todo a reformular suas atitudes e valores. O filme, que está disponível no Youtube (http://www.youtube.com:80/watch?v=5g8cmWZOX8Q), levou um parceiro jovem da R&A a nos perguntar outro dia: “Por que não muda?”. Muda. Vai mudando. A “ficha” vai caindo aos poucos... até que cai a “jaca”. É esse o momento que estamos vivendo. Nós, pessoalmente temos horror a mudanças. Imaginem, então, o medo estendido a toda uma civilização? Imaginem o medo daqueles que, de certa forma, controlam o mundo quando percebem que terão que encontrar outras formas de fazer? Imaginem o que nos desafia como profissionais de RH e comunicação que passamos a ser linha de frente na construção de uma nova cultura empresarial que dê conta dos desafios do novo século?
Vivemos nos últimos 20 anos o processo de avanço de uma nova consciência. Nesse momento, a nova realidade impõe-se, ganha a mídia e os movimentos de transformação acentuam-se. As mudanças acontecem em ondas. E sempre, quando a onda vai e vem, alguns passos são dados na direção do novo.
A consciência de que a nova empresa, comprometida com o desenvolvimento sustentável e que já tem o seu risco medido na Bolsa de Valores, levou os RHs e profissionais de responsabilidade social a investirem em uma nova liderança empresarial. Na prática há uma nova liderança na sociedade, influenciando as cidades, os Estados o mundo. São os formadores de opinião. Os RHs passam a ter uma importância estratégica no desenvolvimento da liderança nas organizações. Como transformar profissionais que não foram capacitados em Gestão de Pessoas a serem os gestores desses novos tempos. Muitos líderes atuais, especialmente nas áreas operacionais das grandes empresas, têm um perfil muito técnico, mais facilidade para se relacionar com máquinas e não com seres vivos e complicados, como somos todos nós. Alem de transformar a liderança que já está nas organizações é um desafio contratar engenheiros que possam ser os líderes de amanhã e influir na formação dos estudantes já para criar novos paradigmas humanos na formação dos profissionais.
Assim nascem projetos nas empresas que nunca cheguei a sonhar. A comunicação ganha mais importância, não só temos muito mais cuidados e estratégias para construir os veículos internos de comunicação, mas também fornecemos informações mais transparentes, educamos.
Para as empresas, com olho no futuro, está cada vez mais claro que planilha do Excel, manuais, códigos de ética não dão conta de anos de uma cultura coorporativa burocrática, hierárquica, autoritária e que despreza o potencial humano. Precisamos mudar o estilo de nossas lideranças. Mexer com os sentires e pensares.
Acreditar em treinamento, em adestramento, silêncio e obediência sem reflexão não mais são receitas de sucesso. Uma empresa não se prepara para o mundo de hoje, matando a auto-estima de seus empregados e impedindo a criatividade. É cada vez mais necessária uma liderança que gere motivação para colaborar, converse com empregados, estimule a autocapacitação, converse com suas comunidades de influência, para dar conta do mínimo exigido para uma empresa socialmente responsável. Comunicação face a face virou uma nova onda. A onda que vem depois de termos nos entregado aos fios, aos teclados, aos visores, aos celulares... Podemos agora colocar a tecnologia no seu devido lugar. O fascínio vem diminuindo para muitos e deixou novos desejos: apetite para o diálogo, por estar junto, por se cumprimentar nos elevadores, por poder olhar outro simplesmente, conversar.
Investir no desenvolvimento humano, no empreendedorismo, na nossa capacidade de sonhar um futuro diferente que respeite a vida, está ganhando sócios. Tenho visto muita liderança empresarial completamente deslumbrada por perceber que podem SENTIR. Com o tempo, talvez muitos outros possam descobrir felicidade no trabalho
Nádia Rebouças
Especialista em comunicação e Diretora da Rebouças e Associados. Atualmente trabalha com Planejamento Estratégico de Comunicação para Transformação e Desenvolvimento Humano em empresas e organizações da sociedade civil.
sexta-feira, 21 de março de 2008
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