sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Uma luz sobre a remuneração sustentável











Criar metas de redução de CO2 e identificar o uso ou não de mão-de-obra infantil na cadeia produtiva são alguns dos exemplos de como é possível atrelar o futuro do planeta ao contracheque dos executivosGumae Carvalho
Alguns fantasmas do passado parecem rondar, de novo, o país. Recentemente, as discussões sobre um possível risco de apagão energético tomaram conta da imprensa, trazendo à tona a possibilidade de mais uma época de racionamento forçado. Para algumas empresas, caso isso aconteça, serão dias com nuvens negras, carregadas de dificuldades. Para outras, no entanto, o impacto não será tão agressivo, uma vez que saber usar racionalmente a energia elétrica e outros recursos naturais são ações que fazem parte do dia-a-dia dos seus funcionários e, também, da política de remuneração. Isso mesmo: algumas empresas, poucas é verdade, já atrelam parte do que pagam aos seus executivos a indicadores ambientais e sociais. É a remuneração sustentável. Claudemilson Vieira que o diga.
Ele é gerente-geral de uma unidade da rede de hotéis Ibis, do Grupo Accor, e, em 2007, teve de reduzir o consumo de energia elétrica em 5%. Pode parecer pouco, mas, quando se trata de um hotel com 236 apartamentos (capacidade para, em média, 350 pessoas por dia), além de restaurante, cozinha, dependências administrativas, lavanderia e garagem, é uma tarefa imensa.
Uma das saídas encontradas para chegar a esse resultado foi mandar trocar todas as lâmpadas por um modelo mais econômico, com maior luminosidade que o anterior e que, pode parecer brincadeira, também tira cheiro do ambiente - apesar de ser um hotel livre de tabaco. Foi um investimento de aproximadamente 10 mil reais que, de início, respondeu por uma redução de 2% no consumo.
E como faltavam ainda três pontos percentuais a serem conquistados, o restante do trabalho deveu-se à conscientização dos funcionários e hóspedes sobre a importância de economizar energia. Assim, foram afixados diversos avisos para que as luzes fossem apagadas ao sair do quarto, bem como fossem desligados os aparelhos de ar-condicionado. Outra medida foi questionar os clientes, no caso de permanecerem mais uma noite no hotel, se desejariam trocar a roupa de cama. Só o fato de não lavar esse enxoval desnecessariamente já significava uma boa economia de água e de energia. "Com essas ações, chegamos a 5,3% de redução, indo além do estipulado", comemora Vieira.
Essa meta fez parte do contrato de gestão do gerente e integra uma carta ambiental presente em todos os hotéis do grupo no mundo. Ela é composta por 15 itens, que se dividem em 65 tópicos no total. São compromissos que vão desde a conscientização de funcionários e clientes até a coleta de baterias e pilhas no hotel, passando, em alguns casos, pelo plantio de árvores. Cumpri-los conta pontos na avaliação e garante parte do bônus no fim do ano."Temos metas financeiras, de gestão de pessoas e ambientais. Cada uma com seu peso que pode variar em função do desempenho da unidade no ano anterior ou da estratégia da rede", conta Franck Pruvost, diretor de operações do Grupo Accor.

Na rede Ibis, as cobranças ambientais vão além da carta. "Há dois anos, ela recebeu a certificação ISO 14000, o que mudou um pouco as coisas. Ampliamos o escopo da questão ambiental", lembra Pruvost. Isso significa que, para Vieira garantir 20% de seu bônus, na auditoria anual referente à certificação, a meta é não ter nenhuma não-conformidade maior e até duas não-conformidades menores..

Pensar a longo prazo
Assim como a Accor, outras empresas como o Banco Real e a Amanco já atrelam indicadores ambientais à política de remuneração de seus executivos. Outras, como a paranaense Synteko e o Banco Itaú já estudam essa possibilidade. Trata-se dos primeiros passos no país de uma tendência capaz de mostrar se realmente o Triple Bottom Line (o equilíbrio dos resultados econômicos e ganhos para a sociedade e meio ambiente) saiu do papel e entrou na estratégia de uma organização.
Quando muito se fala em sustentabilidade, atrelá-la à remuneração é um caminho natural. A razão é simples e quem explica é Pedro Meloni, principal advisor do International Finance Corporation (IFC), braço do setor privado do Banco Mundial para a América Latina. Ele lembra que os pacotes de remuneração devem ser desenhados de forma a atrair, motivar e reter executivos talentosos. E deles devem fazer parte metas de desempenho da empresa a curto e longo prazos. "As de longo prazo não podem mais ser unicamente definidas em termos de indicadores financeiros tradicionais. É do interesse do acionista que os executivos estejam mais alinhados em relação à perenidade da empresa. É cada vez mais aceita a visão de que os fatores sociais, ambientais e de governança [SAG, parâmetros da sustentabilidade] têm impactos diretos e indiretos no desempenho a longo prazo da organização, qualquer que seja seu ramo de atuação", diz. E se não forem devidamente cuidados, esses fatores podem retirar valor da empresa e, portanto, reduzir seus retornos no futuro.
Algumas empresas pretendem dar um passo maior no que se refere à sustentabilidade, como a Basf. Embora não exista uma política única que atrele indicadores ambientais à remuneração, é possível perceber algumas iniciativas que vinculam parte do Programa de Participação nos Resultados (PPR) a algumas ações de conscientização ambiental. Mas a missão que a empresa alemã quer realizar na América do Sul pode servir de mapa para todas as demais no mundo: transformar a sustentabilidade em uma competência.
Trata-se, de acordo com Diego Delpiano, gerente de RH da Basf, de um desafio criado pelo Comitê de Sustentabilidade no ano passado. "Nossa tarefa, agora, é traduzir essa nova competência em comportamentos que vão evidenciá-la", conta. A partir da identificação desses aspectos e da consolidação dessa competência, será mais fácil cuidar da gestão de pessoas de forma atrelada à sustentabilidade: desde o processo de recrutamento e seleção à remuneração, passando por outras questões como desenvolvimento. Seria a gestão por competências sustentáveis. "Um dos quatro pilares da Basf é o desenvolvimento sustentável. Mas não é apenas a Basf que deve ser sustentável. Quem deve ser também é o colaborador, dentro e fora da empresa."
E por falar em conduta fora da empresa, Delpiano conta que, em 2007, a Basf organizou um treinamento de comportamento seguro nas unidades fabris. "A segurança dos colaboradores, na organização ou em casa, também faz parte da sustentabilidade", observa o gerente. A participação dos funcionários no curso e a avaliação posterior do que haviam apreendido serviram também de base na composição do PPR.
No ano passado, ainda, foi realizado um treinamento na divisão de tintas sobre redução da emissão de gás carbônico. Um terço dos funcionários participaram do programa e atuaram como agentes multiplicadores. No cálculo do PPR também foi levado em consideração o quanto eles aprenderam nesse curso e o quanto já aplicavam de conhecimento. Não deixa de ser uma forma de atrelar parte da remuneração à sustentabilidade.
Em outra iniciativa, a Basf organizou um levantamento nos países da América do Sul para avaliar qual seria o salário digno na região, capaz de atender às necessidades básicas de uma família, como habitação, alimentação, educação e lazer, por exemplo. O objetivo da empresa é, até o fim de 2008, posicionar-se e minimizar essa distorção em suas unidades. É a remuneração garantindo a sustentabilidade da família de funcionários.
Criar programas para reduzir a emissão de CO2, como o da Basf, oferecer capacitação de desenvolvimento ambiental e reduzir o consumo de insumos naturais são exemplos de ações que podem gerar indicadores para a política de remuneração, segundo Roberta Simonetti, coordenadora do Programa de Estudos de Sustentabilidade Empresarial da FGV e coor¬denadora executiva do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), carteira de ações da Bovespa da qual participam empresas que adotam práticas sustentáveis. "O índice tem um papel financeiro - é uma carteira -, mas também tem o papel de colocar o tema na agenda das empresas, uma vez que pode constituir um instrumento de gestão", diz Roberta.
Para ela, atrelar a remuneração à sustentabilidade é importante para incorporar o conceito, mas obviamente não é a única forma de isso acontecer. "'Para que vou ficar me esforçando para atingir esses indicadores se, no fim, vão avaliar se eu dei lucro ou não?' pode ser a pergunta de alguns executivos. Se a empresa estabelece metas sociais ou ambientais, por que não medi-las, valorizá-las e, sobretudo, premiá-las?", questiona. "Por isso é que deve existir esse alinhamento. Mas o que vemos nem sempre condiz com estratégia ou bom senso, como enaltecer e incentivar o trabalho em equipe, mas bonificar tão-somente por resultados individuais", destaca.
Para participar dessa carteira do ISE (que com pouco mais de dois anos de existência teve o quarto melhor desempenho entre os dez índices de ações da Bolsa de Valores de São Paulo, em 2007), a empresa deve estar numa lista das que possuem as 150 ações com maior liquidez. A partir daí, responde a um questionário com cerca de 160 perguntas, divididas em Dimensões, Critérios e Indicadores. O objetivo é avaliar a quantas anda o compromisso da organização com a sustentabilidade.
Exemplos de indicadores
Roberta conta que uma dessas questões se refere especificamente ao vínculo entre remuneração e aspectos sociais e ambientais. "A maioria, ainda e no entanto, atrela a indicadores econômico-financeiros", diz. Para as instituições financeiras, o questionário é diferente, com maior número de perguntas sobre esse vínculo, uma vez que essas organizações têm mais programas de remuneração variável.
Um dos desafios do ISE é aumentar, no questionário, o número de critérios de caráter social. Para as empresas que desejam encontrar indicadores dessa natureza, Roberta orienta a pensarem em diversidade: podem-se criar indicadores que avaliem e mensurem o acesso de minorias a cargos de gerência, a contratação de deficientes, bem como verificar a distância entre o maior e o menor salário na organização ou identificar na cadeia produtiva a existência ou não de trabalho infantil ou de mão-de-obra escrava.
Roberto Gonzalez, assessor para assuntos de sustentabilidade da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), também dá algumas dicas. Responder ao questionário do ISE é um exemplo. "A idéia, nesse caso, é ver quantas questões serão atendidas - se a empresa não participar da carteira. Se sim, vale a pena propor atender às questões que não foram respondidas."
Por ter regras vinculadas a aspectos sociais e ambientais, participar do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) é outro indicador possível, além de buscar certificações como a ISO 14000 e a SA 8000. "Esses são os simples", provoca Gonzalez, que emenda outros um tanto mais complexos tais como analisar o perfil do cliente e de fornecedores (cadeia de valor). "Estabelecer parâmetros que possam estar atrelados à remuneração não é muito complicado, basta ter vontade", afirma.
Assim, falar da sustentabilidade na estratégia da empresa pressupõe um papel fundamental do Conselho de Administração. "Muitos acreditam que uma preocupação como essa deve partir da diretoria executiva. Vou além: deve vir do conselho. Se for do presidente, pode não dar certo - quando ele sai, quem entra em seu lugar pode não ter a mesma visão e as coisas ficam paradas ou acabam", explica Gonzalez. No entanto, ele lamenta que em alguns conselhos o tempo destinado para discutir essa questão é sempre pequeno e, geralmente, é o último item da lista.
Quem também concorda com o papel importante dos conselhos de administração na incorporação da sustentabilidade na estratégia é Carlos Lessa Brandão, coordenador do Centro de Pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Ele reforça a tese do longo prazo. Segundo ele, um dos papéis do conselho é prover a estratégia a curto e longo prazos. "A remuneração tem de ser justa", diz. E isso engloba estar atento ao que pode acontecer no futuro - já no presente.
"Costumo definir a palavra sustentabilidade como sobrevivência - sobrevivência dos recursos naturais, dos empreendimentos e da própria sociedade", afirma Fernando Almeida, presidente executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). Para ele, estamos diante de um dramático desafio, tanto do ponto de vista ambiental quanto social: é preciso gerar mais energia para incluir uma parcela gigantesca da população marginalizada no mercado e, ao mesmo tempo, reduzir os níveis de emissão de CO2 para evitar os efeitos avassaladores do aquecimento global. "A empresa que insistir em se manter com o foco única e exclusivamente nos investidores e acionistas, desprezando os demais stakeholders, dificilmente sobreviverá. A sustentabilidade é um conceito revolucionário, que exige rupturas com culturas e procedimentos tradicionais. Entre essas rupturas está a redefinição do lucro. Nessa equação, o 'S' de sustentabilidade deve ser incluído ao lado do 'L' de lucro

http://revistamelhor.uol.com.br/textos.asp?codigo=12254

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Sustentabilidade em ações lucrativas ou lucratividade em ações sustentáveis

Por Naná Prado*, do Mercado Ético

O processo de mudança que as empresas vêm passando há alguns anos fez com que surgissem dúvidas sobre a possibilidade de colocar num mesmo patamar lucro e sustentabilidade. Pensando nisso, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) dá início ao "Sustentável 2008 – Ciclo de Encontros sobre Sustentabilidade e Gestão Responsável", no dia 26 de março, no Rio de Janeiro, com o tema: "Lucro X Sustentabilidade".

A aparente dicotomia entre os dois conceitos tem sido motivo de discussão no meio empresarial no processo de mudança que as empresas têm protagonizado, direcionando suas estratégias para um novo modelo de negócios.

Fernando Almeida, presidente executivo do CEBDS, acredita que o evento será um bom momento para aprofundar, de forma produtiva, este grande dilema contido na relação lucro e sustentabilidade. “Precisamos inserir o ‘S’ de sustentabilidade na equação para se chegar ao lucro”, afirma Almeida. O conceito de lucro deve continuar existindo, “mas dentro de um novo paradigma. A correta implantação dos conceitos de sustentabilidade tem efeito multiplicador na valorização dos ativos intangíveis das empresas. E hoje sabemos que marca, reputação, capacidade de relacionamento com stakeholders respondem por pelo menos 75% dos ativos de uma empresa”, complementa o presidente do CEBDS.

Participarão do debate José Armando Campos, diretor-presidente da Arcelor Mittal; Milton Seligman, diretor-geral de Relações Corporativas da Ambev; João Carlos Ferraz, diretor do BNDES; Jodie Thorpe, gerente da área de economias emergentes do SustainAbility; Aerton Paiva, da Apel Consultoria Empresarial; e Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace.

No decorrer deste ano, outros quatro encontros serão realizados dentro da programação do Sustentável 2008: "Governança e Sustentabilidade", em junho, em Brasília; "Biodiversidade e Pesca - Serviços Ambientais Ameaçados?", em julho, no Recife; "Papel da Comunicação na Sustentabilidade", em agosto, em Vitória; e "Mudança do Clima, Desmatamento e Agronegócio", em setembro, em Belém.

A distribuição dos cinco encontros em diferentes capitais do país teve por objetivo ampliar ao máximo a diversificação de interlocutores de acordo com cada realidade do país. “A sustentabilidade é um conceito que exige transversalidade e por isso não pode ficar restrito a uma elite de especialistas no eixo São Paulo-Rio-Brasília”, afirma Fernando Almeida.

É possível aliar sustentabilidade e lucro?

Para Fernando Almeida, não só é possível, como é necessário. “A lucratividade faz parte da dimensão econômica de uma empresa, seja ela de que atividade for. Mas não pode estar desconectada das dimensões social e ambiental”. Almeida afirma ainda que caso esta desconexão ocorra, a empresa não sobreviverá, mesmo que seja altamente lucrativa no curto prazo.

O desempenho das empresas que conseguem estar no grupo seleto do Índice Dow Jones de Sustentabilidade, de Nova York é um exemplo significativo. “Os balanços indicam que a rentabilidade dessas empresas é pelo menos 20% superior em relação as que permanecem mais presas ao modelo tradicional. Essa performance está se repetindo também no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa”, avalia Almeida.

Sustentabilidade em ações lucrativas ou lucratividade em ações sustentáveis

A saída, para Fernando Almeida, é uma ruptura estruturada e articulada para criação de um novo modelo de negócios e um novo padrão de desenvolvimento. E, “nesse processo, os conceitos de sustentabilidade e lucratividade (este segundo, dentro de novos parâmetros) se completam e se harmonizam. Prego, por exemplo, que as empresas procurem a ‘zona chave’, na qual ficam acima das exigências da legislação socioambiental e se mantenham no patamar de lucratividade”, explica ele.

Almeida argumenta que a história recente, principalmente a partir do pós-guerra, vem mostrando que o modelo concentrador de renda tem acelerado a perda dos serviços ambientais e o esgarçamento do tecido social. “Os riscos socioambientais confirmam esta constatação. É inadmissível e insustentável a desproporcional repartição de riqueza, seja ela no âmbito global, seja no âmbito regional. A sustentabilidade, como conceito integrador, não pode admitir altos lucros e salários astronômicos descolados do restante da sociedade”, afirma.

Para o presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o conceito de sustentabilidade é revolucionário e exige mudanças radicais. Ele defende a posição de que as empresas devem sair da área de conforto e passar a fazer negócios com a base da pirâmide social. “Nas regiões mais pobres, os investimentos chegam apenas aos “bolsões” de riqueza, muitas vezes de forma ambientalmente irresponsável e, sempre, de forma socialmente excludente”, avalia Almeida. Essa prática histórica explica o cenário de desigualdade. Mas, ao mesmo tempo, empresas têm demonstrado que é possível fazer negócios com as camadas marginalizadas, com benefícios para todos. “Contudo, os dramáticos desafios sociais e ambientais que temos pela frente exigem mais do que exemplos pontuais”, conclui Fernando Almeida.

CICLO DE ENCONTROS SUSTENTÁVEL 2008
1º Encontro – Tema: LUCRO X SUSTENTABILIDADE
Dia 26 de março - 8h30m às 12h30m
Centro de Convenções RB1 – Salão Mauá
Av. Rio Branco 1, Centro, Rio de Janeiro
Informações e inscrições:
www.cebds.org.br / (21) 2483 2260

* Com informações do CEBDS
(Mercado Ético)

Empresa que investe em boas ações só tem a ganhar

19-02-2008
As empresas que tiverem relacionamentos mais abertos com os diferentes públicos com os quais interagem (ou stakeholders, como são conhecidos em inglês) e colocarem a responsabilidade social no centro de sua estratégia de negócios serão mais competitivas; atrairão e reterão os melhores talentos; e ganharão acesso a novas oportunidades de mercado, segundo estudo global conduzido pela IBM.
Muitas companhias vêem agora a responsabilidade social corporativa como uma oportunidade de crescimento: 68% das entrevistadas focam na geração de renda através de iniciativas de responsabilidade social corporativa (CSR, sigla em inglês). Além disso, 65% reconhecem que as iniciativas de responsabilidade social podem ter um impacto financeiro positivo em seus resultados e 54% acreditam que elas oferecem uma vantagem competitiva.
O fator que impulsiona estas atitudes é a influência cada vez maior de clientes que, em virtude de sua capacidade de pesquisar e compartilhar informações na Internet, ficam muito sensibilizados com diversas questões: da mudança climática, segurança de produtos, práticas de trabalho e responsabilidade financeira corporativa, até se as corporações estão devolvendo à comunidade uma porção suficiente de seu lucro.
Embora os clientes estejam se tornando o principal motor das iniciativas de CSR, 76% das empresas entrevistadas admitem que não conhecem as preocupações de seus clientes com responsabilidade social. De fato, até empresas que se consideram bem informadas e preparadas podem estar enganadas. Cerca de dois terços das empresas entrevistadas acreditam que têm informação suficiente sobre as origens de seus produtos e serviços para satisfazer as preocupações dos clientes. No entanto, metade delas admite que não entende as expectativas de seus clientes quanto ao tema.
Além de clientes, os stakeholders incluem acionistas, parceiros de negócio, a comunidade, organizações governamentais e não-governamentais. Aproximadamente, 75% das empresas informaram que a quantidade de grupos de defensoria que reúnem e apresentam informação sobre elas tem aumentado nos últimos três anos, assim como a quantidade de informação que as empresas estão fornecendo sobre a origem, a composição e o impacto de seus produtos, serviços e operações.
“Quanto mais informações recebem os stakeholders, mais eles querem saber e compartilhar. Este conhecimento crescente está impulsionando suas decisões sobre o que comprar, para quem trabalhar, com quem formar uma parceria, onde investir e como se deve regulamentar a indústria”, comenta George Pohle, VP e líder global da prática de Consultoria de Estratégia de Negócios da IBM.
“Estabelecer a responsabilidade social no centro das estratégias de negócio das empresas não é apenas crítico para se manter à altura dos stakeholders, mas também representa um caminho vital para o crescimento sustentável. As empresas podem obter grande valor com a troca de informações com seus stakeholders, o que tende a melhorar sua eficiência operacional - novos métodos para reduzir ou reutilizar resíduos e idéias para refinar produtos e serviços existentes, por exemplo. Porém, isto requer a implementação de uma estratégia baseada na transparência das informações”.
Estas conclusões são parte de um novo relatório divulgado pelo IBM Institute for Business Value, chamado: “Alcançando Crescimento Sustentável Através da Responsabilidade Social Corporativa” (“Attaining Sustainable Growth Through Corporate Social Responsibility”). O estudo completo, disponível em www.ibm.com/gbs/csrstudy, avalia o quanto as empresas entendem e como lidam com as expectativas relacionadas a responsabilidade social corporativa, assim como projeta passos ao longo da “curva de valor” que as companhias podem seguir para alinharem estrategicamente seus objetivos de CSR com suas estratégias de negócio.
Segundo o relatório, o benefício máximo das oportunidades com responsabilidade social se obtém quando todas as atividades na curva de valor — legal, filantropia estratégica, auto-regulamentação baseada em valores, eficiência e crescimento - são integradas em uma estratégia única, com a liderança e a inovação impulsionadas tanto pelos funcionários, clientes e parceiros de negócios como pelo CEO.
Metodologia
A IBM entrevistou altos executivos e diretores de estratégia em 250 companhias dos setores bancário, petroquímico, de bens de consumo, eletrônico, de energia e utilities, varejista e automotivo. Dos participantes, 30% estão localizados na América do Norte, 30% na Ásia Pacífico, 20% na Europa Ocidental, 7% na Europa Oriental, 6% na América Latina e 4% no Oriente Médio e África.

Responsabilidade social é vital para empresas crescerem

28-02-2008
As empresas de capital fechado estão adotando as práticas de responsabilidade social corporativa não apenas para conservar o planeta, mas principalmente porque querem crescer e sabem que, sem essas ações, serão preteridas em parcerias e negócios com as corporações globais. Esta é a principal conclusão da pesquisa Responsabilidade Social Corporativa: Uma Necessidade e não uma Escolha, feita pela Grant Thornton International - representada no país pela Terco Grant Thornton - com 7.800 empresas de capital fechado de 34 países, incluindo o Brasil.
“A pesquisa torna-se mais importante quando se sabe que aproximadamente 80% da economia mundial são movimentados por empresas de capital fechado”, explica Roberto S. de Lacerda, diretor da área de serviços especializados da Terco Grant Thornton. “Quando essas empresas adotam práticas que antes eram restritas às grandes corporações, o resultado será, sem dúvidas, muito maior.”Para Lacerda, o empresário brasileiro está buscando transparência e isso está se refletindo no modo como ele interage com seus públicos. “E as empresas sabem que se não agirem agora, terão um futuro incerto.”
Na pesquisa, fica clara a principal diferença entre a motivação das multinacionais e das empresas de capital fechado. Enquanto as grandes empresas, normalmente de capital aberto, usam os programas de responsabilidade social para fortalecer as suas marcas, as empresas de capital fechado querem se tornar mais atraentes para empregados e parceiros. Assim, 71% das empresas que responderam às questões se preocupam em promover ativamente a saúde da mão-de-obra, 64% prezam a igualdade e a diversidade e 62% adotam horário de trabalho flexível.
No caso específico do Brasil, o horário flexível de trabalho foi citado por 83% dos 150 empresários brasileiros ouvidos na pesquisa. Além disso, 74% citaram que promovem a igualdade e diversidade e 67% se preocupam com a saúde dos funcionários.
O envolvimento em atividades da comunidade, comum para as multinacionais, ainda está distante da realidade das empresas de capital fechado brasileiras, pois apenas 58% têm projetos deste tipo. Apenas como exemplo, nos Estados Unidos isto é comum para 82% das empresas de capital fechado.
Mas os brasileiros ouvidos – cem de São Paulo, 25 do Rio e 25 de Salvador – estão bem acima da média quando se fala em programas formais de responsabilidade corporativa: 68% das empresas têm projetos, enquanto a média mundial é de 56%.
Uma das motivações mais citadas pelos brasileiros que têm programas sociais foi conservar o planeta (83%). Foi a resposta mais alta entre todos os países. Para os indianos, esta é a motivação para 75% dos pesquisados. Na outra ponta estão os Estados Unidos: só 21% das empresas afirmaram que conservar o planeta é um dos objetivos de seus projetos sociais.
Para o CEO da Grant Thornton, Alex MacBeath, as empresas de capital fechado estão fazendo grandes avanços na área de responsabilidade social corporativa. “Os esforços destas companhias terão um impacto significativo no quadro global de responsabilidade social”, afirma. Ele lembra, também, que estas companhias têm uma grande vantagem sobre as multinacionais, que é a velocidade, pois os projetos podem ser implementados rapidamente, sem a complexidade existente em grandes companhias.
Alguns dados da pesquisa:
Países que permitem horário flexível de trabalho:
Alemanha – 90%
Nova Zelândia – 86%
Dinamarca – 84%
Brasil – 83%
Estados Unidos – 82%
Média Global - 62%
Índia – 37%
Japão – 29%
Programas formais de responsabilidade social
Porcentagem de empresas de capital fechado que incorporaram a responsabilidade social em seus programas
China Continental – 74%
México – 69%
Brasil – 68%
Tailândia – 64%
Estados Unidos – 63%
Média Global – 56%
Grécia – 36%
Vietnã – 29%
Quais ações sua empresa fez no ano passado?
Respostas dos brasileiros:
Contratar estagiários/aprendizes/fornecer experiência - 72%
Permitir horário de trabalho flexível: 83%
Promover a saúde dos funcionários: 67%
Promover a igualdade e a diversidade: 74%
Promover sistema de energia eficiente: 72%
Evitar desperdícios: 75%
Participar de atividades da comunidade: 58%
Doações para causas comunitárias/caridade: 79%
Trocar produtos/serviços para reduzir os impactos ambientais: 52%
Ajudar outros empresários a melhorar a sua performance: 50%
Usou produtos/serviços locais, comércio ético ou produtos orgânicos: 39%

Estresse no trabalho aumenta os riscos de doenças do coração


Inglaterra - Um trabalho estressante tem um impacto biológico direto no organismo e aumenta o risco de doenças cardíacas.



Segundo uma pesquisa realizada no Reino Unido e publicada na revista "European Heart Journal".

O estudo, realizado desde 1985, foi feito com mais de 10 mil trabalhadores britânicos. As pessoas com menos de 50 anos que disseram ter um trabalho estressante tinham cerca de 70% mais chances de desenvolver doenças cardíacas do que os que não sofriam estresse no ambiente de trabalho.

De acordo com o estudo, também divulgado pelos meios de comunicação britânicos, os funcionários que sofreram pressão no trabalho tinham menos tempo para fazer exercícios físicos e se alimentar bem, além de mostrarem sinais de alterações bioquímicas.

Os pesquisadores levaram em consideração a opinião que os funcionários tinham sobre seus trabalhos, mas também acompanharam de perto a alteração do ritmo cardíaco, a pressão sangüínea e a quantidade do hormônio cortisona liberada no sangue.

Os especialistas também levaram em conta a dieta, a freqüência de atividade física, o consumo de tabaco e álcool do grupo de pesquisados.

Uma vez reunido o material, os cientistas observaram a quantidade de pessoas que desenvolveram doenças do coração ou sofreram um ataque cardíaco.

O diretor da equipe, o médico Tarani Chandola, do University College London, disse que eles descobriram que o estresse crônico por trabalho estava associado à doença coronária e que essa relação é maior entre homens e mulheres com menos de 50 anos.

"Como as pessoas mais idosas estão aposentadas, estão menos expostas ao estresse profissional, e entre estas o efeito das doenças coronárias não foi tão forte", acrescentou.

O estilo de vida foi um fator crucial no desenvolvimento das doenças cardíacas, segundo os especialistas. Os pesquisadores admitiram se sentirem mais seguros para entender os mecanismos biológicos que vinculam o estresse e as doenças do coração, relação já conhecida, mas difícil de comprovar.

Fonte: EFE - 23/1/2008

Cursos a distância crescem 571%

O crescimento do número de cursos de educação superior a distância é o maior destaque do Censo da Educação Superior de 2006, divulgado nesta quarta-feira, 19, em Brasília. De 2003 a 2006, o número passou de 52 para 349, o que significa aumento de 571%.O crescimento do número de estudantes em cursos de educação a distância também superou expectativas. Eles passaram de 49 mil em 2003 para 207 mil em 2006, aumento que corresponde a 315%.Os dados demonstram também um crescimento geral no número de alunos matriculados em cursos de educação superior – de 4,99 milhões para 5,31 milhões, incluindo cursos presenciais, a distância, seqüenciais e tecnológicos. "Esperávamos que a educação a distância tivesse um aumento, mas os números coletados pelo censo superaram nossas expectativas", revelou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), Reynaldo Fernandes.O secretário de educação a distância, Carlos Bielschowsky, atribui o crescimento à credibilidade desse método de ensino, ao incremento da tecnologia nos últimos quatro anos e à criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB). "O Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes demonstrou que os alunos de cursos a distância vão tão bem quanto os de cursos presenciais. Aliás, em alguns cursos, eles tiveram desempenho melhor", diz Bielschowsky. Outra novidade foi a evolução, em 2006, da taxa de escolarização líquida – corresponde ao número de alunos matriculados em cursos de educação superior sem distorção de idade. Ou seja, jovens de 18 a 24 anos que estão na faculdade. Em 2005, o número de jovens em instituições de ensino superior correspondia a 10,9% do total de jovens brasileiros; em 2006, a 12,1%. "Ainda é pouco, mas há duas décadas esse percentual estava praticamente estagnado", destacou o diretor de estatísticas e avaliação da educação superior do Inep, Dilvo Ristoff. "Conseguimos iniciar uma mudança."

Fonte: MEC
http://portal.mec.gov.br/